quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Já não há libertação

Alô. Câmbio. Câmbio.

Benvindos visitantes assíduos ou não. Aqui vos fala novamente aquela que não se importa com o ser e só com o estar.
Poesia de hoje é meio velhinha, mas é minha favorita.

Não quero mais saber do lirismo
Cansei-me das lamurias românticas
Não quero ufanismo plastificado em lâminas
Esqueça do abismo final e dos heróicos navegadores
Descrições absurdas de coisas sem nexos
Tupi or not Tupi, Ser ou não Ser.
Tudo balela de pessoas enganadas
E porque não dizer que sou enganada também?
Já acreditei que tudo era perfeito
Que todos eram felizes
Mas não precisei de espelhos para ver,
Não precisei nem de óculos para isso
O mundo é doente, nojento e pegajoso.

Pra quê lirismo em um mundo fingido?
Pra quê romantismo se não há sentimentos?
Pra quê ufanismo se não há mais nação?
Medo de morrer?
Será que essa não é a única solução?
Como pensar em solução se tudo é problema,
Dificuldades são rotinas que nos acostumamos a viver
Libertação é forjada para enganar os revoltos.

Revoltos pelo quê?
Não se tem causa pra revolução
Se revoltar pelo que você aceita como vida
É se revoltar pela sua vida,
Por você, por sua alma...
Fácil se rebelar, Difícil buscar mudanças.
Nos acostumamos com o que incomoda
Ou melhor, nem nos incomodamos mais.
Contabilizar erros não vale a pena
Tem-se é que parar de errar
Mas o lirismo não é mais libertação
Os clowns já não são mais engraçados
As Helenas já não são mais românticas...

E nós somos o quê?
Formas mal feitas da imagem de alguém
Ou cópias de alguém desenformado?
O cálice já não é mais de vinho,
O vinho já não é mais de uva,
A uva já não é mais natural
E o natural já não existe.
É natural ser cópia, ser forjado, ser igual.
Uma simples diferença condena.
Uma simples igualdade santifica...

Onde se escondem os heróis Alexandrinos?
Por onde fugiram os românticos?
Onde se encontram os nacionalistas?
No que se transformou a nação?

Câmbio Desligo.

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